Entrevistamos Rodrigo Constantino, economista e intelectual brasileiro. Neste diálogo, comentamos algumas perspectivas e propostas no que tange ao tema "corrupção", com ênfase na situação brasileira.
Não se trata de um "bate-papo", isto é, não pretendemos apenas interligar algumas temáticas. Ainda que de modo superficial, tencionamos aventar a opinião de intelectuais sobre diversos problemas advindos, de modo isento, impacial e apartidário.
Prezado Rodrigo, como você define “corrupção”?

Que tipo de modelo estatal tende a acentuar os índices de corrupção?
Sempre que o estado concentra poder e recursos em demasia, temos um convite à corrupção. O motivo é evidente: como o dinheiro é da "viúva", falta o olhar atento do dono para fazer valer o seu dinheiro.
Dessa forma, acabamos com um mecanismo de incentivos perversos, onde burocratas e políticos decidem sobre bilhões de outras pessoas, sem a devida prestação de conta, sem o devido escrutínio. É tentador demais cobrar um "pedágio" para a alocação desses vastos recursos, desviá-los para fins eleitoreiros, políticos, partidários ou mesmo pessoais. Como o dinheiro não é de "ninguém", pois é de todos, o político toma decisões sem critério econômico racional, privilegiando seus próprios interesses. É da natureza humana, e quando temos impunidade, essa tendência é exponencial.
Qual a diferença entre corrupção pública e privada? Qual causa mais danos à sociedade? Como evitá-las?
Conforme dito acima, prefiro chamar de corrupção aquilo que envolve o setor público, adotando outro nome para roubos no setor privado. Sem dúvida a corrupção é mais nefasta, pois envolve grandes somas e o desvio do nosso dinheiro. Quando uma empresa é fraudulenta, isso prejudica aqueles que voluntariamente negociaram com ela, e terão que buscar na justiça reparação.
Quando temos corrupção, cada um dos "contribuintes" (pagadores de impostos) perde, sem que tenha voluntariamente participado de qualquer transação com a empresa ou entidade. Se há corrupção envolvendo a Petrobras, todos pagam o preço, pois todos somos, teoricamente, proprietários dela. A melhor forma de evitar a corrupção é reduzindo e descentralizando o poder estatal e a quantidade de recursos que passa pelo setor público, assim como adotando severa punição para quem foi condenado por corrupção.
A corrupção ocorrente no Brasil é mais agravada que em outros países? Por que?
Temos bastante corrupção sim, em termos relativos, como a Transparência Internacional mostra em suas pesquisas. É subjetivo muitas vezes, pois fala de "corrupção percebida". Mas sabemos que a magnitude é assombrosa, e qualquer empresário tem plena consciência do problema. Os motivos ficam claros após as respostas acima: temos muito poder concentrado no estado, e um poder arbitrário.
Como a burocracia cria dificuldades legais para vender facilidades ilegais depois, ou seja, corrupção, claro que esta vai explodir em um país como o nosso, onde é proibitivo ter grandes negócios ou mesmo pequenos com tudo regularizado.
Fora isso, o peso do estado na economia faz com que muitos queiram mamar em suas tetas, e optam pela via ilegal, ou seja, "investem" mais em lobby e corrupção do que em seus próprios negócios.
Claro, quando uma canetada estatal sela o destino de todo um setor, isso passa a fazer sentido econômico. Por fim, temos um problema grave e conhecido de impunidade. Isso é um convite ao crime. Os corruptos não são punidos, logo, têm pouco a perder e a temer.
Como a privatização pode auxiliar no combate à corrupção? Ela pode auxiliar a corrupção?
Justamente reduzindo a concentração de poder e recursos no estado. A privatização, ao colocar em sócios privados o controle das empresas, aumenta muito o grau de preocupação desses com o caixa da empresa. Logo, haverá bem menos desvios, na média. E, quando houver desvio, não será do nosso dinheiro, mas do dinheiro desses proprietários particulares.
A corrupção no governo atual é maior que em tempos passados? Por que?
Difícil responder com dados objetivos, mas eu diria que a sensação é maior sim. Até porque tivemos o mensalão, que foi o auge em termos de corrupção com fins políticos: um partido desviando recursos públicos para se perpetuar no poder. Como o maior beneficiado pelo esquema acabou sendo reeleito, isso deu uma espécie de "salvo-conduto" para os corruptos, e criou a sensação de que o crime compensa. Espera-se que com o julgamento pelo STF e com as punições, ainda aguardando pela execução penal, ajude a melhorar o quadro. O corrupto tem que saber que, se for pego, vai pagar por isso. E caro!
O que cada um, como cidadão, pode fazer para ajudar no combate à corrupção?
Em primeiro lugar, procurar agir sempre de acordo com as leis, mesmo que discorde de algumas delas. Para mudá-las, devemos usar os mecanismos legais e democráticos. A desobediência civil me parece defensável apenas em casos extremos. Isso implica em não subornar policiais, não dar propina para burocratas etc. Claro que, na prática, muitas vezes isso será impossível.
É que as regras são tão absurdas que tornam a viabilidade de alguns negócios, especialmente das pequenas empresas, impossível. O burocrata e o fiscal gozam de tantas regras arbitrárias que podem transformar a vida do pequeno empresário em um inferno, e a propina pode ser um grito de desespero pela sobrevivência. Entendo isso. Mas sempre que for possível, o ideal é jogar dentro das regras do jogo, respeitando as leis. O império das leis é fundamental para o avanço da sociedade.
Por fim, os cidadãos devem fazer sua parte no campo das ideias, explicando para pessoas menos instruídas as causas da corrupção, dando sua cota de contribuição para a divulgação desses valores liberais que poderiam combater essa praga que é a corrupção.
As entrevistas são, por ora, disponibilizadas no intuito de enriquecer e majorar as cognições e materiais para o debate público a respeito da corrupção. A transcrição das mesmas não implica responsabilidade por parte de nosso movimento, tampouco adesão parcial ou integral às ideologias e propostas, pessoas ou pontuais, aventadas pelos autores.
Divulgação no Facebook:http://www.facebook.com/photo.php?fbid=360195050759436&set=a.257980104314265.49913.254329351346007&type=3&src=http%3A%2F%2Fsphotos-e.ak.fbcdn.net%2Fhphotos-ak-ash3%2F532075_360195050759436_1708815904_n.jpg&size=322%2C420
Compartilhe e ajude-nos a transmitir conhecimento.
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Rio de Janeiro, 18abril2013.
ResponderExcluirPrezados amigos do MCC.
Parabéns pelo artigo do Rodrigo Constantino sobre a corrupção. Concordo com os argumentos dele para o combate à corrupção e chamo a atenção para a corrupção da moeda, que é gravíssima, é feita pelo governo federal ao aumentar a emissão de moeda e crédito acima do crescimento do PIB, por gastar além do que arrecada em tributos, corrompendo a vida de todas as pessoas ao corroer o poder de compra dos salários das pessoas e sucatear a produção privada que deixa de atender às necessidades mais urgentes dos consumidores, ocasionando greves, desemprego num período posterior e levando ao empobrecimento generalizado das pessoas.
Um abraço aos amigos
UilsonJC
uilsonjc@hotmail.com
Rodrigo disse o óbvio,mas como parece que quase ninguém mais enxerga oóbvio.....
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